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21 de junho de 2015

Bico de Lacre



Tu és uma fêmea arisca
Tua boca vermelha e viva
Incendeiam meus lábios que abdica
A morte, por que não a vida

Tu és pequena toda vida
Franzina, exibida...
De canto doído, sofrido
Cativeiro de saudade, amor desiludido

Te amo em abril
Quando acasalas meu corpo febril
Te amo também em maio
Quando se faz necessário

Mas este tom da tua boca
Já não é pro meu bico
Fruta de pecado, carne louca
Bico de Lacre, amor de improviso.


"Homenagem à Fernanda Villarim Zacarelli"

Marcelo Zacarelli
Village, 30 de Agosto de 2014

Alma de Cavalo


Ele tinha a alma de cavalo
E o coração maior que do que todo este mundo
Era bruto como um diamante a ser lapidado
Mas brilhava mais que uma estrela na madrugada

Ele escondia por trás de seus olhos
Todos os sonhos de quando ainda menino
Ele cresceu quase que sem carinho
E tudo que almejava era amor em forma de canto de passarinho

Incompreendido era a sua maneira de amar
Ele via o amor onde jamais poderíamos imaginar
A vida havia-lhe sido severa desde a sua infância
Quando se tornou homem e exorcizou os seus próprios fantasmas

Confesso que não poderia lhe negar a minha admiração
E hoje a saudade galopa na frente dos meus pensamentos
Eu queria que o tempo pudesse parar por um momento
E lhe trouxesse de volta para te dar um abraço

Queria remanejar uma cavalaria nesta tua volta
Preparar-te uma tapioca, e também cuscuz do jeito que você gosta
Queria parar o cortejo desta estúpida partida
Desmontar o roteiro mais triste desta nossa despedida

Saiba que onde você estiver
Os pássaros farão um concerto em sua homenagem
Em cada peito de um cavalo baterá o seu coração
Por que a tua alma ainda vive e é forte
Só não é mais forte do que a saudade que sinto
Nem mais forte do que a maldita solidão.

Homenagem a Cícero Alves Feitosa o nosso querido "Tio-Tio"

Marcelo Zacarelli
(Pinheiros) São Paulo, 27 de Fevereiro de 2015

O quê fazer com o orgulho ferido de uma mulher?


O tempo tem sido um inimigo duro
Todas as manhãs, em forma de pensamento
Por carregar consigo um amor singular
O amor de um pai por uma filha...

Quantas noites solitárias
Eu e meu amigo travesseiro
Lutando pelo não cair de uma lágrima (inevitável)
O quê fazer com o orgulho ferido de uma mulher?

O dia amanhece em meu quarto
É quando percebo que existo
Ao olhar o meu rosto no espelho
E ver as marcas de uma noite sofrida

Me fez lembrar daquele sonho
Esboçar um sorriso escondido
Tímido, incompreendido (incompleto)
Más o quê fazer com o orgulho ferido de uma mulher?

O destino é uma estrada adiante
Que machuca os meus pés
Más eu tenho que prosseguir (tenho que seguir)
Mesmo sem saber onde ela vai dar

Não sei até onde meu coração vai aguentar
Mas eu tenho um estepe guardado (a esperança)
Quando caminho descalço em um chão gelado
Para abrir as portas e deixar entrar a luz do teu olhar

Más o tempo, sempre ele...
Um juiz severo e justo reduziu-me ao nada
Você será para mim a esperança de um no dia
Por mais que eu tente entender (eu me pergunto)
O quê fazer com o orgulho ferido de uma mulher.

Marcelo Zacarelli
Village, 18 de Junho de 2015

Nossa Última Vez


Última Vez;
Nosso amor virou as avessas
O dia é longo demais pra tentar compreender
Mentiras sobre mentiras, então cansei

Essa foi a nossa última vez
Assim como o céu é azul
Meu coração é uma tumba
Para o nosso sepultado amor

Não adianta me olhar assim
Não vou negar que um dia sonhei
Que pudesse ser tudo na sua vida
Más a tua frieza me fez acordar deste sonho

Diga-me que pecado tem alguém em sonhar?
Eu também fui menina e sonhei em amar
Você sorri, simplesmente sorri...
Zomba dos meus sentimentos

Porém jamais se esqueça
Quem ri melhor é quem ri por último
Por isso querida, não se esqueça
Esta noite vai ser a nossa última vez.

Christine Aldo
São Paulo, 05 de Dezembro de 2014
(Bairro Santa Cecília)

Um Sonho que Jamais vou Esquecer


Eu tenho um sonho...
Sonho que jamais vou esquecer

Chego a pensar que esta
Será a noite da nossa despedida
A última noite de uma mulher ressentida
Olho ao meu lado
E vejo o quanto estou sozinha
Lágrimas inúteis cairão
Por si só derramarão as dores
Por um amor não correspondido

Eu tive um sonho...
Sonhei que pudesse ser capaz de te esquecer
Pensei que pudéssemos ser amigas
Foi você quem disse más; sem pensar (é claro)

Eu acabo de matar mais um cigarro
Enquanto minha alma se desfaz

Eu preciso acabar com este sonho
Sonho que jamais vou esquecer
Se eu perder a elegância, ou descer do salto
Você vai julgar que é pra chamar a atenção
E vai dizer, não acredito!
Pro inferno com as suas interpretações.

Christine Aldo
São Paulo, 01 de Setembro de 2014
(Largo de Moema)

Uma Chance pra Nós Dois


Tem decisões que precisamos tomar
Eu me deparei com uma delas
Fechar as portas do meu coração
Ou escancará-la de vez
Entre o céu e o inferno, 
Amar ou sofrer
Entre parar o tempo agora
Ou deixá-lo correr...

De que me servirão as lágrimas escorridas
Por causa do teu amor
Se o nunca pode ser agora
Dependendo do ponto de vista
Você pode virar as costas
E fingir que nada vai acontecer
Você pode acreditar no que dizem por aí
Ou então, dar uma chance pra nós dois

Naquele momento 
Em que eu pensei que fosse adeus
Eu olhei dentro dos teus olhos
E senti que não querias me deixar
Se eu ainda sou seu bem
Dê um passo para trás
Dê um basta em seu orgulho
Sua marca, ao longo dos anos

Quebre a grade no seu coração
Que prende toda a nossa felicidade
Antes que as rosas se transformem em cinzas
Calando a voz do nosso amor
Basta dar meia volta agora
Acreditar no que dizem por aí
Ou então dar uma chance pra nós dois

Mesmo que a verdade nos machuque
Maior será a vontade de ser feliz
Pense nisso somente mais uma vez
Eu tenho todo amor do mundo
Eu acredito no nosso amor
Me dê uma chance, você pode acreditar
Que eu farei você feliz.

Christine Aldo
São Paulo, 05 de Dezembro de 2014
(Bairro Santa Cecília)


O Dia de Minha Morte


As Lágrimas obscuras de um verão
Avisarão sobre a minha morte
Quero morrer antes do amanhecer
Num dia de outono
Quando as folhas ainda descansarem
No útero sóbrio do crepúsculo

As gralhas grasnam um cântico fúnebre
Pousam no cimento frio
Onde a alma geme
Nem o frio, nem o calor
Resistirão a temperatura do meu corpo
Que agora jaz na pira interminável

Levarei comigo toda sorte
De dor e de amor...
Não chores pela cinza que restou
Talvez eu esteja presente
Em um novo amanhecer
Quando o outono findar
Carregando as suas flores

Eu apenas serei
Qualquer uma delas
Descansando nos braços
Da mãe natureza
Até que o sopro
De uma nova primavera
Traga-me em forma de poesia
Anunciando o milagre da vida.

Marcelo Zacarelli
São Paulo, 23 de Maio de 2014
(Pinheiros)

Quiça


Todo poema morreu
Todas as flores feneceram
Quiçá, o meu coração...

Súbito prelúdio que me acometeu
Se o que tenho é meu
Não dou a ninguém
Dentro de um ataúde eu escondo
Da carne ao pó,
Da alma a subtração

A sínica solene da minha despedida
Não reclame aos mortos
As estrofes perdidas...
Em cada lápide uma história
Onde começa como termina
Tudo tem um fim;
A morte, a vida, a poesia...

Mesmo que a morte
Me esqueça por uma vida
Viverei intensamente para você
Todos os meus fatídicos dias
Meu amor; por mais que não me queiras
Não podereis dizer
Quiçá, o meu coração.

Marcelo Zacarelli
São Paulo, 08 de Janeiro de 2015
(Bairro Pinheiros)

Metade Não Eu


Hoje a lua promete
Promete ser você
Promete ser eu...
Ninguém quer ser o céu
Imenso e obscuro
Você não o quer
Eu também não.

Estamos os dois a querer ser lua
Justo hoje que ela promete
Que se faz pela metade
Metade minha, metade sua...

Deixemos de bobagem
Quando urgem as núpcias dos amantes
A recíproca é a mesma do cinismo
Da sua parte a feminina
Da minha o machismo.

Tentamos então nos desvencilharmos
Quando você sou eu
Quando eu sou você
Repartamos o lado obscuro
A face oculta da nossa vaidade.

Estamos os dois a querer ser lua
É certo que hoje não a podemos
Hoje a lua está à metade
Metade você
Metade não eu.

Marcelo Zacarelli
Arujá, 12 de Setembro de 2014

31 de outubro de 2013

Não sei mais Amar


Pálpebras inquietas
Entre dores e amores
Nuvem carregada
Tempestade anunciada
Quem as molestou?

Ai de mim
Que não sei mais amar
Um poço raso de descaso
Que não brota um lagrimar
E fita os cílios cabisbaixos
O chão, o coração...
O que mais?

Ai de mim outra vez
Que não sei mais amar.

Marcelo Zacarelli
Village, Janeiro de 2009 no dia 13

15 de outubro de 2013

O Difícil Viver sem Você


Valha-me pelo que sou
E não me conheces
Contempla-me com seus olhos
E não como me queres
Faminta e aflita
Que me assalta de saudade
Sentado aqui
Como a morte que espera
Não posso mais viver sem você.

Valha-me pelo que me conheces
Não pelo que sou
A vida... A maldita vida
Que não me esquece
Vive a me rodear
Como a água nascente
Minha vida é uma corda
Ela não sabe se arrebenta
Ou não te deixo um lembrete:
Sem desculpas agora!
Veja-me imediatamente.

Valha-me pelo que sou
Pois quanto mais velho fico
Mais macio me torno
Sou qualquer coisa
Menos tranqüilo
Trago um leve suor nas mãos
Enfim o leão se apaixonou
Pelo cordeiro
E não há nada que você tenha
Que eu não queira nada 
Pelo difícil viver longe de você
Me valha agora.

Marcelo Zacarelli e Vânia Lopez
Abril de 2009 no dia 20


O Poeta e a Bruxa


Quem dera fosse eu um poeta
Quem dera... Sofreria menos
Andaria pelas ruas em pensamentos
Embriagar-me-ia pelo vinho
Conversaria com o vento
Quem dera fosses ti um pensamento
Quem dera... Sofreria noite adentro
Sobre a luz do abajur
No vazio de um leito
Quem dera fosse o fim
Quem dera... Deste lamento
Quem dera fosse eu a solidão
Quem dera...
E você saudade no meu coração
Vivificarias um coração de pedra
E daria vida a este poeta
Quem dera fosses tu uma bruxa
Sofreria teu feitiço
Na vaidade deste vício
Salvo o feitiço teu
A poesia renasceu
Quem dera fosse eu um poeta
Quem dera.

Marcelo Zacarelli
Itaquaquecetuba, Maio de 2002 no dia 21


Luz Artificial

Audrey Hepburn

Vou esperar o amanhecer
Para ver o sol nascer
Trazendo o dia sem novidades
Como a noite no escurecer
Tornar-se refém da maldade
Luz de mercúrio artificial
Luz semi apagada
Testemunha do mal
Vou esperar o sol nascer
Nem que me canse este parecer
Um novo dia a de findar
A minha tristeza no entardecer
Vou amanhecer neste meu esperar
Até que possa me surpreender
Desejo traído talvez suportar
Comigo a sós em vão compreender
Vou esperar o amanhecer
Nem que morra de esperar
Quero o pranto conhecer
Onde mato minha sede
Onde deixo de viver.


Marcelo Zacarelli
Itaquaquecetuba, Junho de 2002 no dia 01

Audrey Hepburn

6 de outubro de 2013

Mundo Daltônico


Talvez seja eu um cavalheiro solitário
Talvez meu cavalo esteja acompanhado
Talvez não esteja do meu lado
Talvez não esteja, meu cavalo, solitário...

A imensidão do mar é a solidão
Meu caminhar sem luar, a escuridão
Vivo meio por viver, pulsar do coração
Já cansado de bater, no peito sem razão.

No jardim as rosas brancas e negras
Pensamento nesta áfrica de pelejas
Escravos libertos, Isabel senhora realeza
Negros invisíveis, lágrimas reais e tristezas.

Documentos importantes
Em gavetas esquecidos
Mártires imaculados
Pelo gueto flagelado.

O mandamento de Hitler
Diante do olhar atônito
A coragem de Guevara
No campo de batalha, revolucionário morto
A fome no país da agricultura
A clonagem e o aborto
Eu e meu cavalo solitário
Neste meu mundo daltônico.


Marcelo Zacarelli
Itaquaquecetuba, Março de 2002 no dia 22



Rosa sem Luz


Subordinar pensamentos
É roubar idéias
E assim escravizá-las
Em correntes paradigmas
Em submundos obscuros
É como plantar uma rosa sem luz.

Devorar consciências
Torna-os psíquico corrupto
Ladrão virtual e real;
Terás sabedoria enganosa
Por recompensa
Serás para ti como louco...
Sem poder reconstruir raciocínios
Morrerás no auge
Da tua concupiscência.


Marcelo Zacarelli
Itaquaquecetuba, Agosto de 2003 no dia 21

Lilian Alves Feitosa


Distância


Distância, isso mesmo;
Distância é o que separa-nos um do outro
Apenas um olhar meio de lado
Isso é o que nos sustenta
É meus olhos que me dizem toda tua beleza
Eles que ficam a te observar os teus movimentos
Teus leves e delicados toques...
Minhas mãos, elas é que poderiam
Dizer-me como é o quente do teu corpo
Elas é que poderiam tocar o macio da tua pele
Meus lábios, eles é que desejariam molhar os teus
Afogar-se no molhado do teu beijo...
Meu corpo, nem poderia imaginar
Como seria colado no teu
Seria na verdade um sonho para mim
Por que tem que existir sonho?
Não sei explicar, mais já sonhei muitas vezes
Com o teu carinho, teu amor o teu beijo
E abraço gostoso que você pode dar
Não tive a felicidade de tê-la em minhas mãos
Mas sei muito bem de uma coisa
Em meus sonhos fui o seu dono
E serei com certeza todas as vezes que adormecer
Vivo, e sei por que vivo
Por que o pouco que a tenho
Pode sustentar-me enquanto vivo.


“Primeira poesia oficializada pelo poeta Marcelo Henrique Zacarelli”

Marcelo Zacarelli
Penha - São Paulo, Agosto de 1987 no dia 14